sexta-feira, 29 de abril de 2011

CEMITÈRIOS: História, Arte um caminho pro passado.

Vou finalmente começar a escrever e postar fotos sobre um assunto que venho tentando entender mais do que me acostumar, a morte e seus ritos funerários até o enterramento e por vezes, as escavações o que a ciência forense faz pra descobrir nuances de seres que não falam mais por si. Bem ao comentar de minhas pesquisas e familiarização com o assunto amigos me mandam fotos, não é raro encontrar-mos pares nesses assuntos bom posto aqui fotos tiradas pelo Srº Sergio Viegas tiradas no caminho entre o Kartodromo e o Lagão.















quarta-feira, 27 de abril de 2011

Uma Instituição Comestível: Feijão

Feijão-Feijoada a “simples” apreciação desta – pressupõe a educação de um importante sentido, o paladar. Por isso, é bom conhecer um pouco da trajetória dessa instituição nacional que, além de ser uma das mais perenes, tem a vantagem de ser comestível.
Convencionou-se que a feijoada foi inventada nas senzalas. Os escravos, nos escassos intervalos do trabalho na lavoura, cozinhavam o feijão, que seria um alimento destinado unicamente a eles, e juntavam os restos de carne da casa-grande, partes do porco que não serviam ao paladar dos senhores. Após o final da escravidão, o prato inventado pelos negros teria conquistado todas as classes sociais, para chegar às mesas de caríssimos restaurantes no século XX.
Mas não foi bem assim.
A história da feijoada – se quisermos também apreciar seu sentido histórico – nos leva primeiro à história do feijão. O feijão-preto, aquele da feijoada tradicional, é de origem sul-americana. Os cronistas dos primeiros anos de colonização já mencionam a iguaria na dieta indígena, chamado por grupos guaranis ora comanda, ora comaná, ora cumaná, já identificando algumas variações e subespécies. O viajante francês Jean de Léry e o cronista português Pero de Magalhães Gândavo, ainda no século XVI, descreveram o feijão, assim como o seu uso pelos nativos do Brasil. A segunda edição da famosa Historia Naturalis Brasiliae, do holandês Willen Piso, revista e aumentada em 1658, tem um capítulo inteiro dedicado à nobre semente do feijoeiro.
O nome pelo qual o chamamos, porém, é português. Na época da chegada dos europeus à América, no início da Idade Moderna, outras variedades desse vegetal já eram conhecidas no Velho Mundo, aparecendo a palavra feijão escrita pela primeira vez, em Portugal, no século XIII (ou seja, cerca de trezentos anos antes do Descobrimento do Brasil).
Feijoada
Apenas a partir de meados do século XVI, começou-se a introduzir outras variedades de feijão na colônia, algumas africanas, mas também o feijão consumido em Portugal, conhecido como feijão- fradinho (de cor creme, ainda hoje muito popular no Brasil, utilizado em saladas e como massa para outros pratos, a exemplo do também famoso acarajé). Os cronistas do período compararam as variedades nativas com as trazidas da Europa e África, e foram categóricos, acompanhando a opinião do português Gabriel Soares de Souza, expressa em 1587: o feijão do Brasil, o preto, era o mais saboroso. Caiu no gosto dos portugueses.
As populações indígenas obviamente o apreciavam, mas tinham preferência por outro vegetal, a mandioca, raiz que comiam de várias formas – e até transformavam em bebida fermentada, o cauim – e que caiu também nas graças dos europeus e dos africanos. A mandioca era o alimento principal dos luso-americanos da capitania de São Paulo, os paulistas, que misturavam sua farinha à carne cozida, fazendo uma paçoca que os sustentava nas suas intermináveis viagens de caça a índios para a escravização. Mas também comiam feijão. Feijão-preto.
Feijoada
O feijoeiro, em todas as suas variedades, também facilitou a fixação das populações no território luso-americano. Era uma cultura essencialmente doméstica, a cargo da mulher e das filhas, enquanto o homem se ocupava com as outras plantações e com o gado. A facilidade do manejo e seus custos relativamente baixos fizeram com que a cultura do feijão se alastrasse no século XVIII entre os colonos. Segundo Cascudo, tornou-se lugar-comum nas residências humildes do interior do País a existência do “roçadinho”, no qual era atributo quase que exclusivo das mulheres o “apanhar” ou “arrancar” feijões.
A dispersão populacional dos séculos XVIII e XIX (até então a colonização era restrita às áreas litorâneas), seja por conta dos currais do Nordeste, do ouro e dos diamantes do Centro-Oeste ou das questões de fronteira com os domínios espanhóis no Sul, foi extremamente facilitada pelo prestigiado vegetal. Atrás dos colonos, foi o feijão. Ao lado da mandioca, ele fixava o homem no território e fazia, com a farinha, parte do binômio que “governava o cardápio do Brasil antigo”.
No
início do século XIX, absolutamente todos os viajantes que por
aqui passaram e descreveram os hábitos dos brasileiros de então
mencionaram a importância central do feijão como alimento
nacional.
No início do século XIX, absolutamente todos os viajantes que por aqui passaram e descreveram os hábitos dos brasileiros de então mencionaram a importância central do feijão como alimento nacional. Henry Koster afirmou em Recife, em 1810, que o feijão cozido com o sumo da polpa do coco era delicioso. O príncipe Maximiliano de Wied-Neuwied comeu feijão com coco na Bahia, em 1816, e adorou. O francês Saint-Hilaire sentenciava, nas Minas Gerais de 1817: “O feijão-preto forma prato indispensável na mesa do rico, e esse legume constitui quase que a única iguaria do pobre”. Carl Seidler, militar alemão, narrando o Rio de Janeiro do Primeiro Reinado, descrevia, em 1826, a forma como era servido: “acompanhado de um pedaço de carne de rês (boi) seca ao sol e de toucinho à vontade”, reproduzindo em seguida uma máxima que atravessaria aquele século e constitui ainda hoje, para o brasileiro comum, uma verdade insuperável: “não há refeição sem feijão, só o feijão mata a fome”. Mas, destoando dos outros cronistas, opinava: “o gosto é áspero, desagradável”. Segundo ele, só depois de muito tempo o paladar europeu poderia acostumar-se ao prato. Spix e Martius, naturalistas que acompanharam a comitiva da primeira imperatriz do Brasil, a arquiduquesa austríaca Leopoldina, fizeram referência à “alimentação grosseira de feijão-preto, fubá de milho e toucinho” em Minas Gerais. Também citaram o feijão como alimento básico dos baianos, inclusive dos escravos. O norte-americano Thomas Ewbank, em 1845, escreveu que “feijão com toucinho é o prato nacional do Brasil”.
Porém, o retrato mais vivo do preparo comum do feijão – não é ainda a feijoada – foi feito pelo pintor francês Jean-Baptiste Debret, fundador da pintura acadêmica no Brasil, sobrinho e discípulo de Jacques-Louis David. Descrevendo o jantar da família de um humilde comerciante carioca durante a estadia da corte portuguesa no Rio de Janeiro, afirmou que “se compõe apenas de um miserável pedaço de carne-seca, de três a quatro polegadas quadradas e somente meio dedo de espessura; cozinham-no a grande água com um punhado de feijões-pretos, cuja farinha cinzenta, muito substancial, tem a vantagem de não fermentar no estômago. Cheio o prato com esse caldo, no qual nadam alguns feijões, joga-se nele uma grande pitada de farinha de mandioca, a qual, misturada com os feijões esmagados, forma uma pasta consistente que se come com a ponta da faca arredondada, de lâmina larga. Essa refeição simples, repetida invariavelmente todos os dias e cuidadosamente escondida dos transeuntes, é feita nos fundos da loja, numa sala que serve igualmente de quarto de dormir”.
Feijoada
Além de professor da Academia Real de Belas-Artes, Debret, que esteve no Brasil entre 1816 e 1831, notabilizou- se pela realização de uma verdadeira crônica pictórica do país do início do século XIX, em especial do Rio de Janeiro, na qual constam pinturas como Armazém de carne-seca e Negros vendedores de lingüiça, além da referida cena da refeição.
Portanto, nem só de feijão viviam os homens. Os indígenas tinham uma dieta variada, e o feijão nem mesmo era o seu alimento preferido. Os escravos também comiam mandioca e frutas, apesar da base do feijão. Mas há o problema da combinação de alimentos, também levantado por Câmara Cascudo na sua belíssima História da Alimentação no Brasil. Havia, na Época Moderna, entre os habitantes da colônia (sobretudo os de origem indígena e africana), tabus alimentares que não permitiam uma mistura completa do feijão e das carnes com os outros legumes. Entre os africanos, aliás, muitos de origem muçulmana ou influenciados por esta cultura, havia interdição do consumo da carne de porco. Como, afinal, poderiam fazer nossa conhecida feijoada?
Na Europa, sobretudo na Europa de herança latina, mediterrânica, havia – e há, informa Cascudo – um prato tradicional que remonta pelo menos aos tempos do Império Romano. Consiste basicamente em uma mistura de vários tipos de carnes, legumes e verduras. Há variações de um lugar para o outro, porém é um tipo de refeição bastante popular, tradicional. Em Portugal, o cozido; na Itália, a casoeula e o bollito misto; na França, o cassoulet; na Espanha, a paella, esta feita à base de arroz. Essa tradição vem para o Brasil, sobretudo com os portugueses, surgindo com o tempo – na medida em que se acostumavam ao paladar, sobretudo os nascidos por aqui – a idéia de prepará-lo com o onipresente feijão-preto, inaceitável para os padrões europeus. Nasce, assim, a feijoada.
O que se sabe de concreto
é que as referências mais
antigas à feijoada não
têm nenhuma relação
com escravos ou senzalas,
mas sim a restaurantes
freqüentados pela elite
escravocrata urbana.
Segundo Câmara Cascudo, “o feijão com carne, água e sal, é apenas feijão. Feijão ralo, de pobre. Feijão todo-dia. Há distância entrefeijoada e feijão. Aquela subentende o cortejo das carnes, legumes, hortaliças”. Essa combinação só ocorre no século XIX, e bem longe das senzalas. O padre Miguel do Sacramento Lopes Gama, conhecido como “Padre Carapuceiro”, publicou no jornal O Carapuceiro, de Pernambuco, em 3 de março de 1840, um artigo no qual condenava a “feijoada assassina”, escandalizado pelo fato de que era especialmente apreciada por homens sedentários e senhoras delicadas da cidade – isso em uma sociedade profundamente marcada pela ideologia escravocrata. Vale lembrar que as partes salgadas do porco, como orelha, pés, e rabo, nunca foram restos. Eram apreciados na Europa enquanto o alimento básico nas senzalas era uma mistura de feijão com farinha.
O que se sabe de concreto é que as referências mais antigas à feijoada não têm nenhuma relação com escravos ou senzalas, mas sim a restaurantes freqüentados pela elite escravocrata urbana. O exemplo mais antigo está no Diário de Pernambuco de 7 de agosto de 1833, no qual o Hotel Théâtre, de Recife, informa que às quintas-feiras seriam servidas “feijoada à brasileira” (referência ao caráter adaptado do prato?). No Rio de Janeiro, a menção à feijoada servida em restaurante – espaço da “boa sociedade” – aparece pela primeira vez no Jornal do Commercio de 5 de janeiro de 1849, em anúncio sob o título A bela feijoada à brasileira: “Na casa de pasto junto ao botequim da Fama do Café com Leite, tem-se determinado que haverá em todas as semanas, sendo às terças e quintas-feiras, a bela feijoada, a pedido de muitos fregueses. Na mesma casa continua-se a dar almoços, jantares e ceias para fora, com o maior asseio possível, e todos os dias há variedade na comida. À noite há bom peixe para a ceia.”
Nas memórias escritas por Isabel Burton, esposa do aventureiro, viajante, escritor e diplomata inglês Richard Burton, em 1893, remetendo- se ao período em que esteve no Brasil, entre 1865 e 1869, aparece um interessante relato sobre a iguaria. Falando sobre a vida no Brasil (seu marido conquistou a amizade do imperador D. Pedro II, e ela compartilhou do requintado círculo social da marquesa de Santos, amante notória do pai deste, D. Pedro I), Isabel Burton diz que o alimento principal do povo do País – segundo ela equivalente à batata para os irlandeses – é um saboroso prato de “feijão” (a autora usa a palavra em português) acompanhado de uma “farinha” muito grossa (também usa o termo farinha), normalmente polvilhada sobre o prato. O julgamento da inglesa, após ter provado por três anos aquilo a que já se refere como “feijoada”, e lamentando estar há mais de duas décadas sem sentir seu aroma, é bastante positivo: “É deliciosa, e eu me contentaria, e quase sempre me contentei, de jantá-la.”
A Casa Imperial – e não escravos ou homens pobres – comprou em um açougue de Petrópolis, no dia 30 de abril de 1889, carne verde (fresca), carne de porco, lingüiça, lingüiça de sangue, rins, língua, coração, pulmões, tripas, entre outras carnes. D. Pedro II talvez não comesse algumas dessas carnes – sabe-se de sua preferência por uma boa canja de galinha –, mas é possível que outros membros de sua família, sim. O livro O cozinheiro imperial, de 1840, assinado por R. C. M., traz receitas para cabeça e pé de porco, além de outras carnes – com a indicação de que sejam servidas a “altas personalidades”.
Hoje em dia não há apenas uma receita de feijoada. Pelo contrário, parece ser ainda um prato em construção, como afirmou nosso folclorista maior no final dos anos 1960. Há variações aqui e acolá, adaptações aos climas e produções locais. Para Câmara Cascudo, a feijoada não é um simples prato, mas sim um cardápio inteiro. No Rio Grande do Sul, como nos lembra o pesquisador Carlos Ditadi, ela é servida como prato de inverno. No Rio de Janeiro, vai à mesa de verão a verão, todas as sextas-feiras, dos botecos mais baratos aos restaurantes mais sofisticados. O que vale mesmo é a ocasião: uma comemoração, uma confraternização, a antecipação do fim-de-semana no centro financeiro carioca, ou até mesmo uma simples reunião de amigos no domingo.
Um cronista brasileiro da segunda metade do século XIX, França Júnior, chegou a dizer mesmo que a feijoada não era o prato em si, mas o festim, a patuscada, na qual comiam todo aquele feijão. Como na Feijoada completa de Chico Buarque: “Mulher / Você vai gostar / Tô levando uns amigos pra conversar”. O sabor e a ocasião, portanto, é que garantem o sucesso da feijoada. Além, é claro, de uma certa dose de predisposição histórica (ou mítica) para entendê-la e apreciá- la, como vêm fazendo os brasileiros ao longo dos séculos.
Bibliografia
CASCUDO, Luís da Câmara. História da Alimentação no Brasil. 2a edição. Belo Horizonte; São Paulo: Ed. Itatiaia; Ed. da USP, 1983 (2 vols.).
DITADI, Carlos Augusto da Silva. “Feijoada completa”. in: Revista Gula. São Paulo, no 67, outubro de 1998.
DÓRIA, Carlos Alberto. “Culinária e alta cultura no Brasil”. in: Novos Rumos. Ano 16, no 34, 2001.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Você tem arquivo histórico em sua cidade?

 Criá-los é um ato raazoavelmente simples, mantê-los é outro assunto, pelo menos como deve ser, veja o exemplo de Joinville e comente o exemplo de sua cidade aqui.

 Arquivo Histórico de Joinville inicia a catalogação dos documentos de acordo com normas técnicas

Proposta é facilitar a pesquisa para os usuários

Daqui a dois anos, quando completar quatro décadas, o Arquivo Histórico de Joinville pretende oferecer um sistema de acesso aos documentos antigos, livros, fotografias, jornais e outros papéis que mantém os registros do passado disponível para pesquisa. O trabalho de gestão documental do material começou nesse ano e envolve os 25 funcionários da estrutura.

Eles têm a tarefa de catalogar todos os papéis existentes guardados em cinco mil caixas para deixar de acordo com a Norma Brasileira de Descrição Arquivística (Nobrade).

— Desde que o arquivo foi criado, nunca foi feito um trabalho desse tipo. Com isso será mais fácil o acesso da população em encontrar os assuntos procurados de forma específica. Assim pretendemos ganhar mais espaço — projeta a coordenadora do Arquivo Histórico, Valdete Daufemback.

A previsão é retirar do prédio situado na avenida Hermann Lepper, no bairro Saguaçu, documentos que ainda têm uma vida útil ativa — caso de projetos arquitetônicos da cidade e terrenos dos cemitérios públicos — e que são de interesse de pesquisa atual, para deixá-los em outros departamentos da Prefeitura.

— Estamos em processo de compra de gavetas flexíveis. Esse móvel ocupa menos espaço e guarda mais documentos — acrescenta Valdete.

Quando terminar a catalogação dos arquivos conforme as regras da Nobrade, será iniciado um novo trabalho, também demorado, que é a digitalização de todo o material.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

ROtunda






ACIMA: Localização da rotunda de Cruz Alta, situada ao sul do pátio ferroviário da cidade, em vista aérea (Goggle Maps
Em uso e).m Cruz Alta,   ROTUNDAS são depósitos de locomotivas de forma circular ou semi-circular: variam geralmente de prédios construídos em 90 graus até prédios totalmente circulares, construídos em 360 graus. A distribuição das locomotivas para cada baia é feita por um girador, movido na maioria das vezes manualmente. Estes giradores são trilhos que giram dentro de um círculo com um poço, cujos trilhos são apontados para a baia que receberá a máquina. Não confundir girador (ou virador, ou giramundo) com rotunda.   Rotunda de Cruz Alta - 90 graus
A rotunda de Cruz Alta foi construída possivelmente nos anos 1930 ou 40. Fica no pátio da estação do mesmo nome, na linha Santa Maria-Marcelino Ramos, no Rio Grande do Sul.
(Fontes: Alfredo Rodrigues; Jorge A. Ferreira).
     

E o dia do ìndio o que comemorar?


  Em carta que será entregue a Dilma, índios pedem maior participação nas decisões políticas que os afetam

Nada de comemoração! No Dia do Índio, comunidades indígenas querem ser ouvidas

por Jackie Salomao Neste Dia do Índio, 19 de abril, as comunidades indígenas gostariam de comemorar suas conquistas, mas aproveitaram a data para reivindicar seus direitos. Representantes de povos indígenas de todo o País entregaram, nesta terça-feira, uma carta om reivindicações e críticas à política do governo federal ao ministro da Justiça, Tarso Genro, e ao presidente do Senado, José Sarney. O documento, que também deve ser entregue à presidente Dilma Roussef, tem como principais críticas a falta de voz dos índios em assuntos que os afetam – inclusive na construção das hidrelétricas Belo Monte e Jirau.
Na carta, as comunidades indígenas também criticam as políticas do governo Lula, mantidas pelo atual governo. "O Estado brasileiro, durante o mandato do governo Lula, não atendeu a contento as demandas e perspectivas do movimento indígena. Permitiu que as políticas voltadas aos nossos povos continuem precárias ou nulas, ameaçando a nossa continuidade física e cultural", diz trecho da carta.
O ex-governador do Piauí e descendente de índios Wellington Dias concorda com o manifesto e defende que os índios são capazes de decidir seus caminhos. A Fundação Nacional do Índio (Funai) rebate, dizendo que está buscando diálogo com os povos indígenas, mas reconhece que há problemas estruturais na instituição.
A criação de um Conselho Nacional de Política Indigenista também foi alvo de críticas na carta enviada às autoridades, acusado de estar disperso em diversos órgãos do governo. Além disso, os índios solicitam a criação de uma Política Nacional de Gestão Ambiental e Territorial de Terras Indígenas para assegurar a sustentabilidade e proteção de seus territórios diante de vários problemas em relação as regularização das terras.

Índios participaram de sessão solene na Câmara nesta terça-feira em Brasília
Desafios indígenasNão são apenas os problemas políticos que tiram a paz dos índios. Outro desafio é a questão social. Como conciliar as tradições seculares com um ambiente cada vez mais moderno? De acordo com pesquisadores, é um grande erro acreditar que um índio perde sua identidade por entrar em contato com a tecnologia. Segundo o antropólogo Luís Grupioni, do Instituto de Pesquisa e Formação em Educação Indígena (Iepé), em entrevista ao portal G1, um índio que usa relógio não deixa de ser índio, assim como um não índio que usa um cocar não se torna indígena por isso.
Os antropólogos afirmam que, no mundo globalizado, não há mais como manter os índios isolados. O que eles precisam é o direito à cidadania e educação para que possam seguir suas próprias vida e decidir o que é melhor para eles.
Em alguns casos, a tecnologia pode reforçar a manutenção de tradições, como no caso de comunidades que realizam vídeos para documentar suas tradições. Já existem festivais para premiar esses trabalhos, como o projeto ‘Vídeo Índio Brasil’, que tem uma programação composta por filmes produzidos por índios e não índios com temáticas indígenas. Além disso, o projeto prevê realização de oficinas de audiovisual com os índios, exposições e debates.

Índios nas oficinas do Vídeo Índio Brasil

Nesse mês, além do Dia do Índio, outra data importante para os indígenas é a comemoração dos 50 anos do Parque do Xingú, que aconteceu no dia 14 de abril. O parque abrange quase 6 mil índios de 16 tribos diferentes, que se sentem acuados com os arredores em processo de degradação.
CRUZ ALTA
E cá conosco o que está acontecendo, já postei aqui resoluções da Promotoria pública dizendo que a Prtefeitura Municipal de Cruz Alta estava intimada a contruir em local já pré-sdetermminado a "Casa de Hospedagem" temporária aos grupos que aqui passam para vender seus artesanatos, já que já os expulsamos deste território no passado, sim havia indífgenas em Cruz Alta, nada mais justo que tratá-los como cidadãos, e respeitar suas diferenças culturais, mesmo sendo pregado na teoria, a prática não pode permanecer como está, o Kaingang que circula, não é o Bugre e nem é o descendente de italiano ou alemão, polonês ou português ele é sim um indigena e merece tanto respeito quanto os demais. Ainda permanece o conceito do indío tem de viver de cocar, morar em oca e usas somente panachos, e viver em tribos para ser índio, nas escolas somente em 19 de Abril ele é desenhado assim, somente em 19 de abril ele é lembrado como um brasileiro, é inadimiscivel que ainda hoje os tratemos como os incovenientes a serem solucionados. Os Museus Indígenas exibem sua História, mas quantos Museus foram criados e são administrados por Indios, posso responder nenhum, ainda hoje falamos deles mostramo-os e até escutamos, mas tomamos as decisões que nos são plausíveis. Então será que é um dia a se comemorar?

Arqueólogos veem indícios de massacre na Idade do Ferro no Reino Unido


Arqueólogos britânicos descobriram evidências de um massacre ocorrido na Idade do Ferro numa colina em Derbyshire, no centro da Inglaterra.
Ao todo nove esqueletos foram encontrados numa vala próxima ao forte de Fin Cop, em Peak District.
Os cientistas creem que centenas de outras ossadas possam ser achadas na vala, pois somente parte dela foi escavada.
Os esqueletos são de mulheres, bebês e um adolescente. A equipe de arqueólogos acredita que eles foram mortos após a captura do forte por inimigos.
A composição do solo, rico em calcário, ajudou a preservar os restos humanos.
Ann Hall, presidente da Longstone Local History Group, associação que busca preservar a história da região, diz que as descobertas recentes surpreenderam o grupo.
Ainda que o forte fique numa área bela e tranquila, diz ela, os achados indicam que a história da região é mais sombria.
Fonte: BBC BRASIL

terça-feira, 19 de abril de 2011

Presente do Indicativo: Eu tolero e tu toleras?


 A negação da intolerância exige uma atitude tolerante, mas também de intransigência. Quem decide, porém, quando o indivíduo, denominações religiosas, grupos, etc., são intolerantes, e, portanto, não podem ser tolerados? Numa sociedade onde os interesses são antagônicos, quem interpreta quais são os “bons costumes” e o que é prejudicial?
Afinal, quais as restrições à tolerância? Mesmo o mais ferrenho defensor da liberdade de expressão pode se ver diante de circunstâncias que a questione. É possível tolerar a liberdade de expressão em todas as situações? Numa sociedade democrática, é possível tolerar os antidemocráticos? Podemos, em nome da tolerância, admitir a literatura de cunho racista e preconceituoso? Como tolerar, em nome do respeito ao multiculturalismo, culturas que contradizem os direitos humanos?
No século XVIII, Voltaire, em seu Dicionário Filosófico, se perguntava: “O que é a intolerância?” E, respondia: “É o apanágio da humanidade. Estamos todos empedernidos de debilidades e erros; perdoamo-nos reciprocamente nossas tolices, é a primeira lei da natureza”. Há muito que a humanidade padece deste mal. O preconceito religioso, étnico, político, cultural, ou seja, a incapacidade humana em se reconhecer no “outro” e respeitá-lo é, sem dúvidas, um fator essencial gerador da intolerância. É preciso considerar, ainda, as formações societárias específicas e os diferentes contextos históricos.
O preconceito e a intolerância são estimulados por motivos essencialmente econômicos. A sociedade escravagista necessitava desenvolver uma teoria justificadora da pretensa superioridade racial dos brancos para impor o trabalho escravo. No entanto, o fator econômico não esgota a questão. Até mesmo fatores de ordem psíquica devem ser levados em conta. Neste processo, a educação pode cumprir um papel fundamental, seja no sentido de contribuir para a introjeção do preconceito e, assim, fortalecer atitudes intolerantes; seja para construir uma sociedade tolerante e que predomine o respeito mútuo.

As sociedades passaram por transformações substanciais, mas não extinguiram o preconceito nem a intolerância. O projeto iluminista fundado na crença da razão enquanto fator de progresso humano fracassou. O século XX gerou barbáries como o holocausto e as guerras “em nome de Deus” permanecem atuais. No mundo globalizado pós-11 de setembro, o preconceito e a intolerância se fundam em novas formas e procuram se legitimar por um discurso estimulado pelo Império, cujas conseqüências imediatas é a criminalização de qualquer crítica à sua hegemonia, a qualificação indiscriminada de “terrorista” e as restrições às liberdades individuais e à própria democracia. Em nome da segurança.
As potências atuais resgatam o grande Leviatã e, na “guerra de todos contra todos”, todos somos suspeitos potenciais. Neste contexto, os movimentos de migrações, os inúmeros campos de refugiados espalhados pelo mundo, potencializam uma realidade explosiva: a crise econômica capitalista, a concorrência pelo emprego, o aumento da desigualdade social, a convivência entre diferentes culturas, etc. Estes elementos geram um campo minado no qual as atitudes os preconceitos e intolerância ganham audiência e teorias legitimadoras.
No Brasil, não é diferente. Impactado pelas transformações em âmbito mundial, carregamos ainda a triste realidade de uma dívida social, herança da nossa formação histórica e das políticas econômicas adotadas pelos diferentes governos. À desigualdade social que grassa em nossa sociedade, soma-se a discriminação racial e o preconceito de classe. Convivemos com as injustiças sociais e raciais, as quais são até transformadas em obras cinematográficas de sucesso (paradoxalmente, a miséria é objeto de consumo e fonte de renda).

Em tais condições, o preconceito e a intolerância tendem a perdurar. Isto se faz presente em todos os espaços: no trabalho, nas escolas, nas universidades, nos meios de comunicação, etc. Contribuir para transformar esta realidade é também um compromisso dos intelectuais com responsabilidade social com os que são econômica e culturalmente desfavorecidos.
À intolerância religiosa soma-se a intolerância política, cultural, étnica e sexual. A inquisição está presente no cotidiano dos indivíduos: no âmbito do espaço doméstico, nos locais do trabalho, nos espaços públicos e privados. Ela assume formas sutis de violência simbólica e manifestações extremadas de ódio, envolvendo todas as esferas das relações humanas. A intolerância é, portanto, uma das formas de opressão de indivíduos em geral fragilizados por sua condição econômica, cultural, étnica, sexual e até mesmo por fatores etários.
A construção de uma sociedade fundada em valores que fortaleçam a tolerância mútua exige o estudo das formas de intolerância e das suas manifestações concretas, aliado à denúncia e combate a todos os tipos de intolerância. Por outro lado, a tolerância pressupõe a intransigência diante das formas de intolerância e fundamenta-se numa concepção que não restringe o problema da tolerância/intolerância ao âmbito do indivíduo; esta é também uma questão social, econômica, política e de classe.

domingo, 17 de abril de 2011

Uma visao e sempre uma visao

Dizem ser a arte efemera, mas ela nao so e capaz de exemplicar o abstrato como tambem revela facetas curiosas sobre como podemos tocar as pessoas e faze-las compreender certos fatos com outra visão. Essa artista e fantastica.
Animação com areia- Original de: Kseniya Simonova Amazing Sand Drawing

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Lula ajudou a mudar o equilíbrio do mundo, avalia historiador Eric Hobsbawm


Fernanda Calgaro
Especial para o UOL Notícias
Em Londres

  • Hobsbawm se encontrou com Lula em Londres Hobsbawm se encontrou com Lula em Londres
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva "ajudou a mudar o equilíbrio do mundo ao trazer os países em desenvolvimento para o centro das coisas", opinou o historiador britânico Eric Hobsbawm, 94 anos. Ícone da historiografia marxista, ele se reuniu nesta quarta-feira (13) com Lula na residência do embaixador brasileiro em Londres, Roberto Jaguaribe. O convite foi feito pela equipe de Lula.
Autor do clássico "Era dos Extremos", Hobsbawm é considerado um dos maiores intelectuais vivos. Na saída da embaixada, ele deu uma rápida entrevista quando já estava sentado no banco de trás do carro, ao lado da mulher. Falando com dificuldade, o historiador teceu elogios ao governo Lula e disse que espera revê-lo mais vezes. O encontro durou cerca de uma hora e meia.
"Lula fez um trabalho maravilhoso não somente para o Brasil, mas também para a América do Sul." Em relação ao seu papel após o fim do seu mandato, Hobsbawm afirmou que, "claramente Lula está ciente de que entregou o cargo para um outro presidente e não pode parecer que está no caminho desse novo presidente".

"Acho que Lula deve se concentrar em diplomacia e em outras atividades ao redor mundo. Mas acho que ele espera retornar no futuro. Tem grandes esperanças para [tocar] projetos de desenvolvimento na África, [especialmente] entre a África e o Brasil. E certamente ele não será esquecido como presidente", disse.
Sobre o encontro, disse que foi uma "experiência maravilhosa", especialmente porque conhece Lula há bastante tempo. "Eu o conheci primeiro em 1992, muito tempo antes de ser presidente. Desde então, eu o admiro. E, quando ele virou presidente, minha admiração ficou quase ilimitada. Fiquei muito feliz em poder vê-lo de novo."
A respeito da presidente Dilma Rousseff, Hobsbawm afirmou que só a conhece pelo que lê nos jornais e pelo que lhe contam, mas ressalta a importância de o país ter a primeira mulher presidente.
"É extremamente importante que o Brasil tenha o primeiro presidente que nunca foi para a universidade e venha da classe trabalhadora e também seja seguido pela primeira presidente mulher.  Essas duas coisas são boas. Acredito, pelo que ouço, que a presidente Dilma tem sido extremamente eficiente até agora, mas até o momento não tenho como dizer muito mais", falou.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

O Importante é comunicar: ARQUIVOS

Falha na comunicação
Problemas estruturais impedem que a maioria dos arquivos públicos invista em divulgação na imprensa e entre seus usuários
Falta de funcionários, pouco investimento e pilhas de documentos a serem analisados. Com problemas como estes, a maioria dos arquivos públicos acaba não dando muita atenção à divulgação nem à comunicação direta com seus usuários. Para alguns pesquisadores, a divulgação realmente não deve receber tanta atenção. Entre as principais instituições, apenas o Arquivo Nacional e o Arquivo Público do Estado de São Paulo (Apesp) têm núcleo de comunicação próprio. Este último, aliás, vem arrancando elogios. Seu site foi remodelado no fim de 2009 e disponibilizou quase 400 mil imagens do acervo e cinco exposições virtuais. Resultado: o número de acessos dobrou em 2010.

Todos os outros arquivos têm a divulgação atrelada a algum órgão do governo. O Arquivo Público Mineiro, por exemplo, é ligado à Secretaria de Cultura. “O quadro de funcionários é muito reduzido. Para nós, é melhor ter mais técnicos de laboratório do que um jornalista”, diz Alessandra Palhares, uma das diretoras do arquivo, que teve o último concurso público para contratação de funcionários em 1975.

Para Paulo Knauss, diretor do Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro, a divulgação na imprensa ajuda a imagem institucional e atrai novos pesquisadores. No entanto, ao contrário do que muita gente pensa, os pesquisadores acadêmicos não são maioria nas salas de leitura dos arquivos. A maior parte dos usuários é formada por cidadãos em busca de documentos que comprovem direitos de propriedade ou registros de imigração, por exemplo. “Esse público não se interessa pelo acervo histórico que é divulgado na imprensa. O desafio dos arquivos é ter uma comunicação mais direta com essas pessoas e também com os pesquisadores usuais”, diz Knauss.

O problema é que, na maioria dos casos, nem o público em geral nem os pesquisadores são beneficiados pela comunicação. “Em quase todos, os usuários precisam se deslocar até a instituição para saber o que tem no acervo”, diz Renato Venancio, professor de Arquivologia da UFMG. Uma boa iniciativa, segundo ele, foi tomada pelo Arquivo Nacional, ao disponibilizar na Internet uma base de dados que permite a recuperação de informações sobre a chegada de imigrantes à cidade. Já Nireu Cavalcanti, professor do curso de pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo da UFF, acredita que a divulgação é o menor dos problemas. “Há poucos funcionários. Por conta disso, no próprio Arquivo Nacional só é possível pedir três documentos por vez, e temos que esperar sete dias para buscar. Sem contar que muitos não podem ser acessados”, denuncia.

O caso do Apesp é um pouco diferente. Segundo a assessoria, o número de pesquisadores hoje é maior que o de cidadãos comuns, em parte por causa da transferência da documentação do Memorial do Imigrante para o arquivo. “Eles estão promovendo uma verdadeira revolução ali, com novas instalações e o trabalho excelente nas mídias sociais. Isso garante a preservação da memória e diferencia São Paulo”, afirma Venancio. O arquivo pode ser seguido no Twitter e foi o primeiro a criar uma conta no Facebook, em fevereiro deste ano.

Aos Numismatas de Plantão.

Relíquias da antiguidade
Museu Histórico Nacional tem maior coleção de moedas greco-romanas da América do Sul. Catálogo com as 1.750 peças do Sylloge Nummorum Graecorum será lançado em maio

Na Idade Antiga, moedas de ouro, prata e bronze eram utilizadas no comércio de mercadorias em civilizações sob influência greco-romana. As pequenas chapas de metal nobre assumiam variados padrões desde a costa atlântica europeia até o noroeste da Índia. Mais de mil anos depois da chamada queda do Império Romano do Ocidente, algumas destas peças vieram parar no Brasil pelas mãos do colecionador português Antônio Pedro de Andrade, em cujo testamento doou todo o acervo à Biblioteca Nacional, em 1921. Hoje, estas peças pertencem ao departamento de numismática do Museu Histórico Nacional (MHN) e formam a maior coleção de moedas sob influência greco-romana da América do Sul.  

Em maio deste ano, um detalhado catálogo da coleção será publicado pelo MHN, tornando-se o único “Sylloge Nummorum Graecorum” (SNG) do nosso continente. Este nome, aparentemente complicado, vem do latim e quer dizer “coletânea de moedas gregas”. Trata-se de uma série internacional cujo objetivo é disponibilizar para pesquisa de intelectuais de qualquer parte do mundo a maior quantidade de moedas da Antiguidade. Atualmente, pouco mais de 50 coleções de museus integram esta série.
“É um trabalho de formiguinha”, diz a professora Maricí Martins Magalhães, autora do catálogo e pesquisadora de Epigrafia e Arqueologia Clássica do Laboratório de História Antiga do Instituto de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro. “Você vai fazendo uma por uma e, no final, já passaram quatro anos e você catalogou 1.750 peças”, explica.

A pesquisadora foi contratada em 2006 pelo museu, com verba da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), para trabalhar no catálogo, cujo intuito era receber o título internacional da SNG, concedido pelo presidente da Biblioteca Nacional de Paris. Ela analisou peça por peça de total de 1,9 mil moedas classificadas como gregas. Com o tempo, o número diminuiu: a análise minuciosa permitiu que ela encontrasse erros de catalogação – a última havia sido feita em 1913 –, moedas falsas e outras desgastadas demais para serem fotografadas para o catálogo.

“Rearrumei tudo. Descobri a região e ano de cada moeda, tirei as que o padrão estava ruim e também, todas as falsas. Quando a moeda é muito bonita logo desconfio que é bom demais para ser verdadeira”, acrescenta. A coleção abrange quase um milênio de história. Nela podemos encontrar relíquias como uma moeda da Ásia Menor cunhada por volta de 600 antes de Cristo [à esquerda]; um perfil de Júlio César de 46 a.C.; ou um exemplar oriundo da Alexandria da época em que governava o Imperador romano Dioclesiano, no século III depois de Cristo.

Para Luiz Aranha Correa do Lago, coordenador do projeto e professor do Departamento de Economia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, é interessante ver como as figuras impressas na superfície das moedas permitem observar as características socioeconômicas daquelas civilizações.

“Podemos observar, por exemplo, como se vestiam e como usavam os cabelos as pessoas da época”, diz o pesquisador. “Os romanos não tinham barba até a época do Imperador Adriano, no século II d.C. Depois dele, todos os imperadores tinham barba”, observa.  Ele afirma que as representações eram bem realistas: “Tem sujeito gordo, sujeito com papada, narigudo. Não poupavam ninguém”. No caso de moedas feitas no Egito, o pesquisador lembra que no verso da maioria há a figura de um deus, o que é curioso para ver como os egípcios representavam pictoricamente suas divindades.

No “Sylloge Nummorum Graecorum Brasil”, antes de se começar a catalogação, um texto escrito por Correa do Lago conta a história da moeda no período, associando grandes figuras desses quase mil anos de história com as imagens disponíveis no volume. Ao todo, são 3,5 mil figuras: para cada peça, duas fotos (frente e verso).

Correa do Lago também é curador da exposição permanente do MHN “As moedas contam história”, que exibe 343 dessas relíquias do período clássico. Foi da seleção de unidades para esta mostra que, aliás, surgiu a ideia para a catalogação internacional. O pesquisador conta que quando começou a selecionar as unidades para exibição no museu, viu que havia um material muito bom, que merecia um trabalho de pesquisa aprofundado. Anos depois, a professora Maricí Martins Magalhães foi convidada a ser autora do processo.

[acima, moeda Dióbolo, cunhada entre 550 e 436 a.C]
Para quem quer contemplar a exposição “As moedas contam história”, o endereço do Museu Histórico Nacional é: Praça Marechal Âncora, Centro (próximo à Praça XV). O MHN funciona de terça à sexta, das 10h às 17h30; sábados, domingos e feriados, das 14h às 18h. Ingresso: R$ 6.

Pra quem quer uma dica e mora por lá ou tá de passagem, é uma boa pedida.
até mais.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Diálogos Culturais em Cruz Alta dia 16 de Abril- Participe!


Cruz Alta recebe os sexto encontro dos Diálogos Culturais


A Secretaria de Estado da Cultura dá continuidade ao calendário dos Diálogos Culturais, com seus diretores percorrendo o interior do estado para ouvir a comunidade cultural gaúcha. O evento vai nortear a Conferência Cultura para o Rio Grande Crescer, incluindo a criação dos Colegiados Setoriais, visando a implementação do Plano Estadual da Cultura. A conferência será realizada dias 29 e 30 de abril, no colégio Marista, em Santa Maria.


O encontro em Cruz Alta ocorre no sábado, dia 16 de abril, das 8h30min às 13h, na Casa de Cultura Justino Martins, Avenida General Osório 1415, no centro.

O objetivo é aproximar municípios, comunidade cultural e Estado além de mapear perspectivas culturais, estudar possibilidades de alargamento das demandas desse setor e meios para fomentar a cultura nas cidades que integram cada encontro para que, posteriormente, essas questões sejam tratadas na Conferência.

A agenda dos Diálogos Culturais segue depois para Porto Alegre(20/04) e Pelotas(23/04).

A conferência
A Conferência Cultura para o Rio Grande Crescer tem por objetivos discutir as diretrizes da política cultural para o Estado do Rio Grande do Sul, promover a apresentação institucional da nova gestão, estimular a participação popular e garantir a interlocução direta entre Estado e sociedade civil. Especificamente, pretende avançar na formulação do Sistema e do Plano Estadual de Cultura, em consonância com as formulações nacionais. Além disto, busca dar início à construção de Colegiados Setoriais de Cultura, a serem propostos na Conferência, tais como: artes cênicas, artes visuais, audiovisual, culturas populares, economia da cultura, livro leitura e literatura, memória e Patrimônio, música e cidadania cultural.


Conselho Municipal de Cultura de Cruz Alta
Fonte acessoria de Comunicação da SEDAC

As Cidades Neoliticas

Há cerca de 5.000 anos atrás, nas planícies aluviais do Oriente Próximo, algumas aldeias se transformam em cidades; os produtores de alimentos são persuadidos ou obrigados a produzir um excedente a fim de manter uma população de especialistas:artesãos, mercadores, guerreiros e sacerdotes, que residem num estabelecimento mais complexo, a cidade, e daí controlam o campo. Um dos primeiros critérios para se chegar a um conceito de cidade é que a maioria de sua população não se dedica a produção de alimentos (agricultura e pastoreio).
Existiram (e existem) centenas de cidades neolíticas, com características distintas, como materiais de construção (madeiras, pedras, turfas, tijolos de argilas, etc) locais (lagos, platôs, planícies, etc) e população (desde milhares até dezenas de milhares).
Normalmente estas cidades possuíam um espaço central (como uma praça) além de moradias extremamente semelhantes, o que demonstra a ausência de diferenciação social. Por vezes encontravam-se construções maiores o que pode significar o aumento da importância da religião (e dos sacerdotes) e dos chefes (guerreiros ou não) na tarefa de administração destas comunidades.
História das Cidades
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As cidades da Mesopotâmia

Nas planícies formadas pelos rios Tigres e Eufrates os excedentes gerados pela produção agrícola e pastoreio de animais provoca a revolução urbana, onde a produção de alimentos permite um aumento da população e a geração de especialistas que por sua vez favorecem ainda mais o aumento da produção com o comércio de parte dos víveres acumulados e a organização de obras coletivas.
O excedente se concentra nas mãos dos governantes, representantes do deus local. Como as cidades se originavam de antigas aldeias e vilas seus traçados eram irregulares e acompanhavam os terrenos circundantes. Normalmente eram próximas dos rios e das planícies aluviais (geralmente inundadas).
O que irá diferenciar estas cidades das cidades neolíticas vai ser a construção das portas, muralhas e dos grandes Zigurates – templos-palácios que ordenavam toda a vida destas cidades. Os Zigurates eram construídos normalmente num extremo das cidades, não somente porque eram construções posteriores à fundação das cidades, mas também para determinar o novo sentido do crescimento das mesmas.
Os Zigurates elevavam-se do resto da cidade, dominando a paisagem e exigindo a obra de milhares de trabalhadores. Nestes templos-palácios, coexistiam várias funções e estamentos sociais. Nos andares mais altos moravam o patesi e sua família, além dos sacerdotes mais graduados. Neste ‘topo’ também eram realizadas observações astronômicas e os rituais mais sagrados das diversas religiões mesopotâmicas.
Os andares intermediários serviam para a administração geral dos templos e das terras do deus local e nele residiam funcionários do estado, como escribas e oficiais. Na parte inferior dos Zigurates ficavam as oficinas, os depósitos, celeiros, estrebarias, etc, residiam aí os servos camponeses, escravos e trabalhadores livres.
As casas da maioria da população eram relativamente simples, feitas de adobe e argila, com tijolos que variavam de região para região. Vemos hoje em muitas dessas cidades, a diferenciação em bairros especializados (de artesãos, de funcionários, de comerciantes, de homens ricos, etc). Os sucessivos povos e impérios que se seguiram na Mesopotâmia diferenciaram bastante estas cidades e aumentaram a importância das muralhas (para a proteção) e as portas – que tinham um sentido político e religioso, de controle da população que entrava e saía e da autoridade religiosa do deus local.
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As cidades no Egito

Diferentemente da Mesopotâmia, a maioria da população do Egito não se concentrava nas cidades, mas sim em aldeias nas margens do Nilo. As cidades vão se constituir principalmente em centros administrativos e religiosos, tanto que são chamadas de cidades-templos, ou cidades-palácios.
Estas cidades eram compostas de construções grandiosas, normalmente feitas de pedras, com avenidas largas e muitos monumentos religiosos. Grandes procissões eram realizadas nestes locais, vedados a maioria da população.
Existiam também cidades como a de Illahun (atual Kahun) que era inicialmente um acampamento para trabalhadores das pirâmides. Como esta vai ser uma cidade ‘planejada’ vemos linhas retilíneas, onde as casas dos trabalhadores eram organizadas em quarteirões quadrangulares, além de uma gradação de acordo com o ‘nível’ social dos trabalhadores, funcionários e administradores.
Estas cidades de operários se espalhavam pelo Egito de acordo com as obras públicas realizadas, algumas foram abandonadas depois das obras concluídas (como as do sítio de Gizé), outras permanecem habitadas até os dias de hoje, tendo, portanto, modificado-se bastante.
História das Cidades
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Um baixo-relevo do Império Médio que representa o transporte de uma estátua colossal sobre um carro sem rodas
História das Cidades
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Por último, ainda no Médio Império, o Faraó Amenóphis IV tentou implementar o monoteísmo a partir do culto a Áton (ou o disco solar); para tanto, o Faraó irá construir uma nova cidade Tell-Amarna bastante distante dos antigos centros de poder dos templos dos antigos deuses como Menfis ou Tebas.
Tell-Amarna vai ser uma das primeiras cidades totalmente planejada, todas as suas casas eram construídas com pedras, com avenidas bastante largas e estradas que garantiriam o abastecimento e comunicação do imperador com o resto do império.
A sua pequena duração demonstra a força que os templos e sacerdotes possuíam na sociedade egípcia.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Maneira interessante de tratar as questões sanitárias

Medida sanitária de Oswaldo Cruz para combater a peste bubônica no Rio de Janeiro do início do século XX,  tornou célebre pelo seu caráter inusitado: pagava-se por ratos, contanto eles deveriam ser eliminados quase a extinção, para isso o sanitarista propôs uma caça aos ratos remunerada, é isto mesmo, pagava-se por exemplar capturado, isso dá margem a vários debates, mas por hora deixo-os com o  curta-metragem em animação com quase o mesmo nome, “Rattus rattus”, de Zé Brandão, falando sobre a proposta, sugerida pelo famoso sanitarista Oswaldo Cruz (1872-1917).
Confira também a música do Chico Buarque, que fala dos ratos mas ha uma analogia com um garoto de rua chamado Zé, enfim, garoto de rua comparado a um rato esquivo no Rio do início do século XX.

Até mais.

Saudosismo pode ser mas é que falando de Heavy Metal, me remeto as gravuras de Will Eisner,

Referência em desenhar cenas de chuva, meio que retratava a solidão e tristeza de seus personagens.

Falando de Historia e algo mais: Heavy Metal Brasil-Meu país

Falando de Historia e algo mais: Heavy Metal Brasil-Meu país

Heavy Metal Brasil-Meu país

Boa Leitura!
Angra

O heavy metal (muitas vezes referido apenas como metal) é um gênero do rock'n'roll, que se desenvolveu no fim da década de 1960, início de 70, em grande parte, no Reino Unidoe nos Estados Unidos.tendo como raízes o bom e velho Blues-rock e o rock psicodélico, as bandas que criaram o gênero desenvolveram um espesso e  maciço som, caracterizada por altas distorções amplificadas, prolongados solos de guitarra e batidas enfáticas em suas baterias. O  Allmusic afirma que "de todos os formatos do rock'n'roll, o heavy metal é a forma mais extrema, em termos de volume, machismo, e teatralidade", bem o machismo ainda é predominante, porém cresce estrondosamente o número de mulheres no cenário e a qualidade nem de longe é inferior. No Brasil também alguns o chamam de rock pauleira, o que não o qualifica por também denominar uma vertente da música punk, que é sonoramente bem diferente e menos trabalhada.
O jornalista Ian Christe, nascido em 1970 na Suíça, entende tudo isso. Fanático por heavy metal, como muitos de nós, Christe construiu uma carreira sólida na mídia especializada, tendo seus textos publicados em revistas como Kerrang!, Spin, Guitar World e outras, além de matérias em publicações como Wired e Chicago Reader. Como todo fã de metal, Christe se aventurou também na música com a banda Dark Noerd the Beholder, que aparece na trilha do filme "Gummo", lançado em 1997, e em alguns outros projetos.
Profundo conhecedor do heavy metal, pesquisador e colecionador do estilo, Ian Christe lançou em 2003 o livro "Sound of the Beast: The Complete Headbanging History of Heavy Metal", que acaba de ganhar uma muito bem-vinda edição brasileira. e nós aqui na terra do samba, hehehe que absurdo, temos um vasto cenário, que ainda permanece servindo de base e alimentando as novas gerações de Headbangers(vulgo metaleiro) esse já é outro tópico, pois sem nós o cenário desapareceria. Mas porque este estilo demorou a implacar aqui no Brasil, vamos lembrar do cenário naquela época o
nível dos equipamentos era precário e conseguir comprar importados era quase um milagre. Isto seu deu tanto pela má situação financeira dos músicos como pela crise que assolava o país. Outro ponto que dificultava era a falta de informação e a dificuldade em se conseguir partituras, revistas e materiais ligados à cena do Metal internacional. E é ai que me refiro a um estilo MUSICAL, com Harmonia e todos os preceitos de música, digressão a parte, e desabafo confesso.
Os estúdios de ensaios e gravações também sofriam com a falta de equipamento necessário para se obter um nível aceitável de produção do registro. Tudo isto, somado ao desprezo dos veículos de comunicação e da mídia em geral, exceção feita à algumas emissoras de rádio e alguns esporádicos programas de vídeos em nossos canais de televisão, e a mentalidade retrógrada de algumas pessoas que achavam que aquilo tudo não passava de uma loucura e um barulho ensurdecedor, de certa maneira, impediam o crescimento da cena no Brasil.
Mas, em meados dos anos 80, ou seja, com "apenas" onze anos de defasagem, o estilo começou realmente a decolar. Tudo era novidade e várias bandas se impunham com garra e talento, tentando ultrapassar todas as barreiras que existiam naquela época. Naquela fase eram realizados diversos shows, eventos que agitavam o cenário interno, tudo ainda meio underground.
A conceituada Revista Rock Brigade era apenas um informativo de um fã-clube de Heavy Metal e o número 1 saiu em fevereiro de 1982 dá pra acreditar. O editor Antônio D. Pirani, comenta numa entrevista á sua revista, o importante papel da Rock Brigade no cenário nacional: "A Brigade começou como um informativo que era enviado exclusivamente aos sócios do fã-clube. Gradativamente fomos crescendo, aumentou-se o número de páginas, o tipo de papel, impressão com mais qualidade e nos transformamos em um fanzine, divulgando-o mais abertamente. Sempre tivemos o intuito de divulgar o trabalho das bandas de Heavy Metal, sejam elas novatas ou veteranas e sempre abrimos espaço às bandas nacionais. Saíam tantos discos de tantas bandas novas naquela época, que a Brigade era quase um catálogo de lançamentos, ainda tem essa secção, hehehe. Em 1986 passou a ser distribuída em todas as bancas de jornal e desde maio de 1988 ela sai mensalmente, ou seja, quase dez anos com esta periodicidade", isso que é persistencia que virou selo Musical. 
Ainda em entrevista a Brigade, as Grandes Galerias, hoje conhecida como a Galeria do Rock, localizada no centro de São Paulo, abrigava pouquíssimas lojas especializadas em Rock e Heavy Metal, como a Baratos Afins. O dono da loja, Luiz Calanca, foi um dos responsáveis pelo engrandecimento da cena. "Apesar de ter me decepcionado com o meio Heavy, dei o primeiro impulso e apoiei várias bandas que faziam este tipo de som na época", desabafa.
A Woodstock Discos, loja que naquela época ficava escondida numa galeria da rua José Bonifácio, também no centro da capital paulista, reinava nas tardes de sábado. Era um verdadeiro ponto de encontro, com troca de informações, muito material importado nas famosas "pastas" dos fãs. Além disso, a Woodstock vendia merchandising diferenciado (como buttons e patches) e passava vídeos que até então os fãs não imaginavam poder assistir. "O pessoal se reunia na loja e ficava trocando idéias sobre as novas bandas. Chegava tal disco e um já perguntava para o outro como era a banda. O pessoal trocava mais informações, criavam-se muitas amizades e isso, consequentemente, formava um underground forte. Não existia MTV, programas em rádio e existiam poucas revistas. Então o pessoal tinha que trocar idéia mesmo para saber dos lançamentos. Pintava um álbum, por exemplo do Kreator, todos corriam atrás, era como se existisse uma magia. Quem viveu aquela época, viveu a época mágica e, com certeza, não volta mais", explica o proprietário Walcir. 
Em POA, surgiram tímidas lojas com secções especializadas e depois as especializadas, e em Cruz Alta correndo o risco de ser injusta, mas é pela falta de memória ou vivência, tipo adolescente sem grana no bolso e com muitas coisas na cabeça, ou pegavamos o material com, amigos que conseguiram com amigos que trouxeram de fora os lançamentos, ou nos reuniamos na casa de quem tinha e a famsosa cópia era feita, cheguei a ter K 7, alguns, mas voltando as Lojas a Transassom, sempre presente, com camistas e instrumentos, a Fire Ball, que fechou, mas meio compravamos CDs, DVDs, simples duplos, e os famosos cangurus(casacos), hoje é bvem mais prático e fácil, compra-se pela net e com descontos em alguns lugares, associa-se nos fans clubes e tem acesso direto as lojas oficiais e ainda tem descontos e brindes, mas voltando a história.
 Skysold
O Salto
Se o cenário nacional crescia com atraso, em relação às bandas estrangeiras de Heavy Metal, o Brasil sequer existia no mapa. Após a vinda de Alice Cooper em 1974, Queen em 1981, Van Halen em janeiro de 1983, o primeiro megashow que os brasileiros puderam conferir de perto foram as apresentações da banda norte-americana Kiss, nos estádios do Morumbi, em São Paulo, e no Maracanã, no Rio de Janeiro, em junho de 1983. Os shows foram recorde de público para o Kiss, banda acostumada a lotar arenas e festivais ao redor do mundo.
Muitos que hoje em dia são aficionados pelo estilo Heavy, começaram a conhecer o estilo só após a passagem do Kiss pelo Brasil e isto, de alguma forma, fez o cenário nacional crescer, tal foi o fervor da estadia dos quatro mascarados no Brasil. Vários espaços se abriram para a "música pesada" e os festivais de Rock se espalhavam por colégios, teatros e espaços cedidos pelas Prefeituras, além dos programas de rádio, como o dominical "Rock Show", na Excelsior AM.
 
Sepultura
A Lingua Portuguesa no Metal e o Metal Brasileiro no Mundo.
Após algumas tentativas de organizar festivais, como o de Saquarema (RJ), que mesmo tendo sido considerado um fiasco, foi importante para a época, pois além de revelar bons nomes para a música brasileira, fez com que outros centros tentassem tomar a mesma iniciativa.
Em São Paulo, alguns festivais se tornaram famosos por unir e revelar vários nomes para a cena do Hard Rock e o Heavy Metal. Os mais "famosos" foram: "Heróis do Rock" e a "Praça do Rock", no Parque da Aclimação, por onde passaram bandas como MADE IN BRAZIL, PATRULHA DO ESPAÇO, CENTÚRIAS, HARPPIA, VÍRUS, ABUTRE, SALÁRIO MÍNIMO, CÉRBERO, AVE DE VELUDO, ETHAN, LIXO DE LUXO, GOZOMETAL, SANTUÁRIO, NOSTRADAMUS, ANACRUSA, MAMMOTH, ANO LUZ, ANTÍTESE e dezenas de outras.
Mas, não eram somente em festivais que estas bandas se apresentavam, pois outros espaços paulistanos que também abrigavam e formavam um circuito para estes verdadeiros guerreiros abnegados foram o SESC Pompéia, Clube dos Aeroviários, Rainbow Bar, Teatro Lira Paulistana, Teatro Idema, Teatro Arthur Azevedo, Teatro João Caetano, Centro Cultural Vergueiro (atual Centro Cultural São Paulo), os bares do bairro do Bixiga, as discotecas e danceterias que às vezes abriam seu espaço para o Metal, como a Raio Laser, além de clubes da grande São Paulo como o Ceret, a Sociedade Esportiva Palmeiras e o Paineiras do Morumby.
O experiente baterista Paulo Thomaz, o "Paulão" (ex-CENTÚRIAS, FIREBOX, PROPOSITAL e CHEAP TEQUILLA), analisa a cena daquele importante momento: "Naquela época, as pessoas apoiavam mais as bandas nacionais porque os shows de bandas internacionais não existiam. O público era fiel e comparecia aos shows das bandas nacionais". Em comparação com a cena atual, Paulão comenta: "O Centúrias tocava em vários teatros, o que não acontece hoje em dia pois as bandas iniciantes ou médias só tocam em barzinho. O underground era muito mais legal, pois atualmente ou você toca, por exemplo, no Black Jack Bar ou direto no Olympia".
Os fãs do estilo também relembram com saudades dos "velhos" pontos de encontro como o Carbono 14, o Cine Rock Show, as manhãs de sábado na Woodstock Discos além da Fofinho Rock Club e a Led Slay, que resistem bravamente até hoje.
Naquela época, o grande "barato" das bandas era cantar em português, e, das acima citadas e mais, KORZUS, AVENGER, PERFORMANCES, TITÂNIO, WITCHCRAFT, DEIMOS, VIÚVA NEGRA, ANTHRO, PLATINA, MICROPHONIA, VULCANO, entre muitas outras, apenas o KARISMA, um power-trio do ABC paulista compunha em inglês, chegando a gravar em 1983 seu primeiro álbum, intitulado Revenge, pela Gravadora Baratos Afins.
Aliás, foi com a mais famosa gravadora independente e importante do Brasil, a Baratos Afins, que já havia lançado os trabalhos do PATRULHA DO ESPAÇO, ARNALDO BAPTISTA, OS MUTANTES, entre outros, que o Heavy Metal teve sua grande chance de ser registrado e divulgado, com vários lançamentos como as Coletâneas SP Metal I (em setembro de 1984, com CENTÚRIAS, VÍRUS, AVENGER e SALÁRIO MÍNIMO) e SP Metal II (em 1985, com KORZUS, SANTUÁRIO, ABUTRE e PERFORMANCES), trabalhos que foram relançados em CD.
A Baratos Afins ainda lançou trabalhos individuais de bandas como HARPPIA, CENTÚRIAS, A CHAVE DO SOL, GOLPE DE ESTADO, PLATINA, CONTROLLE, entre outros. Contudo, surpreendentemente foi a banda oriunda de Belém/PA, STRESS, que gravou em agosto de 1982 o primeiro LP de Heavy Metal no Brasil, intitulado Stress.
A resposta carioca ao SP Metal foi o lançamento do cultuadíssimo Split-LP Ultimatum com o DORSAL ATLÂNTICA e o METALMORPHOSE, pois a cena no Rio de Janeiro já era muito grande e forte. O Circo Voador, o Cascadura Tênis Clube, o Caverna de São João do Miriti, o Caverna II em Botafogo, além de vários teatros, como o Teatro da Cidade e os locais cedidos pela Prefeitura para shows e festivais abrigavam as bandas cariocas.
"O Cascadura Tênis Clube foi o primeiro local no Rio em que houve o encontro dos grupos da Zona Sul com a Zona Norte do Rio e havia muita diferença entre estes. O da Zona Sul já tinha conhecimento das bandas novas, como o Venom, por exemplo, do visual mais agressivo e o grupo da Zona Norte ainda tinha aquele visual mais "roqueirão hippie", com camisetas do Led Zeppelin...", relembra Carlos Lopes, guitarrista e vocalista da DORSAL ATLÂNTICA.
Exemplos de bandas cariocas não faltam: DORSAL ATLÂNTICA, METALMORPHOSE, MORTALHA, AZUL LIMÃO, TAURUS, ANSCHLUSS, KRIPTA, CALIBRE 38, EXPLICIT HATE, NECROMANCER, EXTERMÍNIO, METRALLION, FIM DO MUNDO, INQUISIÇÃO, KRONUS, DEATHRITE e outras. Vale ressaltar que no Rio de Janeiro o público Punk e Heavy sempre iam juntos aos mesmos shows e foi lá que as famosas "rodinhas" começaram. Em dias de shows o público dava outro show à parte, na frente os Heavies cabeludos agitando e "batendo cabeça", no meio as "rodinhas" e no fundo os Punks agitando e batendo suas correntes no chão.
Um grande "boom" também ocorreu em Minas Gerais, com o lançamento do Split-LP que trazia o SEPULTURA e o OVERDOSE, marcando uma nova fase para o Heavy nacional. A Cogumelo Discos de Belo Horizonte, responsável por este lançamento continuou apoiando as bandas de Minas Gerais e do resto do país, lançando vários trabalhos interessantes como as famosas Coletâneas Warfare Noise I e II, e, ainda o trabalho de bandas da cena do Thrash e Death Metal como o SEPULTURA, OVERDOSE, CHAKAL, HOLOCAUSTO, SARCÓFAGO, EXPLICIT HATE, ATTOMICA, MUTILATOR, entre muitas outras. O público mineiro delirava com as grandes apresentações destes nomes no ginásio do Ginástico em Belo Horizonte. No sul do país os gaúchos respondiam com o lançamento da coletânea Rock Garagem, lançada em 1984 e que trazia nomes como o LEVIAETHAN, ASTAROTH e os punks dos REPLICANTES.
UM NOVO IMPULSO Parte de tudo que ocorria naquela época deveu-se a realização do grande Festival "Rock In Rio" em 1985, pois de lá para cá a cena cresceu assustadoramente. Assim como aconteceu depois da passagem do Kiss pelo Brasil, o "Rock In Rio" foi o ponto de partida para muitos jovens entrarem de cabeça no mundo da música pesada. Os espaços se abriam e surgiam novas bandas, lojas e importadoras de discos, programas de rádio especializados em Heavy, fábricas e importadoras de instrumentos musicais e gravadoras independentes.
Foi o caso da Rock Brigade, o antigo fã-clube de Heavy Metal que nesta altura virava gravadora com o selo Rock Brigade Records e lançava além de bandas nacionais, como o VULCANO, VODU, VIPER, bandas estrangeiras, fato esse que ocorreu também com a Woodstock Discos (SP), Devil's Discos (SP), Heavy (RJ), Point Rock (RJ), Fucker Records (ABC) e a Whiplash Discos (RN) que apostaram em vários lançamentos de bandas nacionais e estrangeiras.
Novos fã-clubes de bandas internacionais, nacionais e do Heavy Metal em geral se formavam e, dentre estes, o mais importante foi o Heavy Metal Maniac (São Caetano do Sul/SP), que, assim como a Rock Brigade, divulgava tudo que acontecia no underground mundial e mais tarde virava produtora de discos e eventos. 
 VIper
 GRINGO Aplaudindo

Outras boas bandas que tiveram repercussão internacional são os representantes da cena do Thrash Metal, como os mineiros do Overdose, que chegaram a impressionar os executivos da Geffen Records com seu material; os paulistas do Korzus, que tocaram nas mais famosas casas de shows da Europa (como o Marquee Club, em Londres / Inglaterra) e nos Estados Unidos; além dos gaúchos do Krisiun, que logo no início de carreira conseguiram fechar um contrato com a gravadora européia Gun Records (felizmente mudando depois para a Century Media). Isto sem contar que o Dr Sin, único representante do Hard Rock nacional, que conseguiu impressionar até mesmo os norte-americanos da tão famosa cena dos clubes de Los Angeles.

 Rock in Rio(1980)
Vamos Brindar ao Futuro?


Dar o mínimo de apoio a quem toca algum instrumento e monta uma banda é dever nosso, da imprensa. Mas, no Brasil, os problemas já começam no terreno familiar porque muitos pais não conseguem ver em seus filhos o talento para a música e acham que é um "hobby" que atrapalha os estudos. Grande parte dos músicos de bandas internacionais começaram a tocar por incentivo dos pais, que lhes compraram instrumentos e nem por isso deixaram de estudar. É uma questão cultural.
Mesmo assim, o que estamos vendo no cenário do Metal nacional é que ninguém quer ser fã, todos querem "ser da banda". Nada contra ser músico, pois além de saudável deve ser encarado como profissão. O que se exige é, no mínimo, profissionalismo, pois só os mais insistentes vão vingar. Brincar de fazer música é uma coisa e tentar carreira como músico é bem diferente.
Devemos valorizar cada vez mais o produto nacional de qualidade, pois muitas bandas foram com a cara e a coragem se aventurar no exterior e conseguiram vingar por sua garra e competência. Mesmo assim, infelizmente, ainda não podemos nem cogitar em traçar um parâmetro da cena nacional com a do Metal internacional e da verdadeira indústria da música pesada que já está há anos fincada na Europa, Estados Unidos e Japão.
No Brasil, há competição entre bandas ao invés do auxílio mútuo. Há rachas de fãs das diversas subdivisões do Metal, o que não fortifica e sequer forma uma cena. Os promotores de shows acham que só de ceder o espaço para bandas nacionais já estão dando muito, o que inviabiliza uma verdadeira turnê pelo Brasil, como acontece com freqüência entre as bandas norte-americanas e alemãs, por exemplo.
Vários outros problemas muito mais graves precisam ser enfrentados, como a pirataria e os "jabás" das rádios e programas de televisão, fatos lamentáveis que todos sabem que existe, mas ninguém comenta, nem mesmo o Ministério Público, que fica na espera de que algum coitado denuncie e bote a cara para bater para que depois se tome as providências legais, instaurando um inquérito.
Além disso, as rádios Rock do país risíveis. Desde 1994 os fãs do estilo ficaram perdidos, com a retirada do ar de rádios importantes como a Fluminense FM do Rio de Janeiro e a 97 FM de Santo André em São Paulo, que deram espaço à música Dance. Atualmente algumas se salvam, como por exemplo a Brasil 2000 FM de São Paulo / SP e a 96 FM de Curitiba / PR, mas, uma rádio ROCK de princípios como os fãs ouviam antigamente ficou difícil. O que temos são projetos de rádios rock, comandadas por empresários (sempre os mesmos) que somente visam a parte comercial. Estão certos, mas os discursos são sempre os mesmos. Num determinado momento o Rock "não pega" e a estação fecha as portas e anos depois acontece o contrário.
Sob este aspecto o Brasil está apenas engatinhando, o que é uma pena, pois se houvesse uma mobilização, conscientização e união efetiva dos fãs e das bandas, as empresas de grande porte iriam descobrir uma verdadeira mina-de-ouro que é a indústria do Heavy Metal e do Rock. No mundo todo é, por que aqui não podemos fazer o mesmo?

Saudações Hedbanger a todos. 
Juliana Abreu

Material Consultado:
Rock Brigade-arquivo
Metal Headbanger Journal
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